Os distúrbios gastrointestinais funcionais, como a síndrome do intestino irritável (SII) e o supercrescimento bacteriano do intestino delgado (SIBO), afetam milhões de pessoas em todo o mundo. Diagnosticar essas condições pode ser desafiador devido à falta de padronização nos métodos de teste e interpretação dos resultados. Recentemente, um consenso norte-americano foi estabelecido para padronizar o uso de testes respiratórios baseados em hidrogênio e metano, trazendo avanços significativos para a prática clínica e pesquisa.
O Que São Testes Respiratórios?
Os testes respiratórios (BTs) são ferramentas diagnósticas que medem os gases produzidos no intestino e expirados pelos pulmões. Esses gases incluem hidrogênio (H₂) e metano (CH₄), que são produzidos pela fermentação microbiana de carboidratos não digeridos no intestino. Ao ingerir um
substrato específico, como glicose ou lactulose, e coletar amostras de respiração em intervalos regulares, os médicos podem identificar anormalidades na digestão e na motilidade intestinal.
Por Que o Metano é Importante?
O metano, produzido por arqueias metanogênicas no intestino, tem um papel crucial na motilidade intestinal. Estudos mostram que níveis elevados de metano estão associados à constipação e ao trânsito gastrointestinal lento. Pacientes com supercrescimento bacteriano predominante de metano (SIBO metano-predominante) frequentemente apresentam sintomas de distensão abdominal e constipação severa. Portanto, medir o metano durante os testes respiratórios pode fornecer informações valiosas para o diagnóstico e tratamento desses pacientes.
Padronização dos Testes Respiratórios
O consenso norte-americano estabeleceu diretrizes claras para a realização e interpretação dos BTs. Aqui estão alguns pontos-chave:
- Preparação do Paciente: Recomenda-se evitar antibióticos por quatro semanas antes do teste, e alimentos fermentáveis devem ser evitados no dia anterior ao teste. O jejum de 8 a 12 horas é necessário para garantir resultados precisos.
- Doses de Substratos: As doses consensuais para os testes respiratórios são 10g de lactulose, 75g de glicose, 25g de frutose e 25g de lactose. Essas doses foram estabelecidas para minimizar falsos positivos e garantir a precisão dos resultados.
- Interpretação dos Resultados: Um aumento de hidrogênio de ≥20 partes por milhão (p.p.m.) em 90 minutos durante os testes de glicose ou lactulose é considerado positivo para SIBO. Níveis de metano ≥10 p.p.m. são considerados positivos para metano.
Benefícios dos Testes Respiratórios com Metano
Os testes respiratórios com metano oferecem várias vantagens:
- Diagnóstico Não Invasivo: Comparado a métodos invasivos como a cultura de aspirado do intestino delgado, os BTs são simples, seguros e menos desconfortáveis para os pacientes.
- Identificação de SIBO Metano-Predominante: Medir o metano ajuda a identificar pacientes com SIBO metano-predominante, que podem se beneficiar de tratamentos específicos, como antibióticos direcionados às arqueias metanogênicas.
- Avaliação da Constipação: Níveis elevados de metano estão fortemente correlacionados com a constipação, permitindo uma abordagem mais direcionada no manejo desses pacientes.
Conclusão
Os testes respiratórios com metano são ferramentas valiosas na avaliação de distúrbios gastrointestinais funcionais. A padronização desses testes, conforme estabelecido pelo consenso norte-americano, melhora a precisão diagnóstica e facilita a pesquisa futura. Ao incorporar a medição de metano, os médicos podem oferecer tratamentos mais personalizados e eficazes para pacientes com SIBO e outros distúrbios relacionados.